Pior do que não ter o que queremos, é não saber o que queremos de verdade

Quando eu tinha 8 ou 9 anos, aspirava em ser a Nadia Comaneci portuguesa. Naturalmente fracassei nos objectivos. Pra começar, eu treinava ginástica rítmica, o que é totalmente diferente. Mas ainda assim, eu era empenhada no tapete e nos espaldares. Acabei por abandonar a modalidade e resolvi estudar piano. Todos me reconheciam jeito, desde a professora de piano, passando pelo professor de formação musical, o já falecido Artur Andrade... mas cedo me apercebi que jamais seria um Rachmaninov versão feminina e abandonei as lições. Depois veio a academia de línguas e os estudos de inglês. Dois anos foi o suficiente pra entender e dominar a língua, e não... eu não aspirava em ser uma Virginia Woolf nem nada semelhante, o que eu queria mesmo, era saber falar como os bifes. Em seguida veio o hóquei em patins. Ah!!! Eu adorava patinar de stick na mão. Sentia-me poderosa e invencível. Acreditava ter descoberto a modalidade que me fazia feliz mas... éramos a única equipa feminina na região e não tínhamos ninguém para competir. Azar do caralho!

Sinto uma tremenda inveja daquelas pessoas que desde o primeiro fôlego, souberam o que queriam da vida e concretizaram. Se soubessem o dilema que vivo de cada vez que abro o vestuário... A culpa, é naturalmente do signo. Dizem que os nativos de Gémeos são instáveis, inconstantes e que odeiam a rotina. Lá está... péssimo timming o dos meus pais! Tanto signo no horóscopo e eu tinha logo que nascer sob a alçada de Gémeos! Nem a Maya me livra deste Karma.