A supremacia do intelecto

Irrita-me gente demasiadamente certa, sem falhas visíveis, que não mostra em momento algum dúvidas e hesitações, e que de cada vez que abre a boca solta uma citação intemporal. Parece que têm o carácter moldado desde o útero materno. Ouvem música que mais ninguém ouve, só lêem os livros aclamados pelos críticos literários de renome internacional, porque segundo eles, coisa elogiada pelas massas é literatura de retrete, e no que toca a cinema, odeiam invariavelmente os "blockbusters" porque são incapazes de reconhecer a vertente entretenimento e a lacuna filosófica é só por si motivo para abominar. Convictos do discurso altamente articulado que proferem, senhores de verdades absolutas e segundo eles, imaculados no espírito. Ora visionários, ora benfeitores, dependendo do assunto claro está, mas sempre especiais, altivos, porque entendem estar em diferente patamar intelectual. São filósofos, antropólogos, sociólogos e outros "ólogos" que nunca mais acaba. Profundamente conhecedores do mundo, dominam qualquer assunto, política, geografia, história, desporto, economia, relações humanas e até, pasme-se, são capazes de formular uma opinião sobre o campeonato distrital do berlinde. E (acredito) com uma vidinha social bem mais chata que a de um peixe de aquário. Estão espalhados por aí, nos blogues, nos diários de maior tiragem, nas televisões e até mesmo no local de trabalho (argh!)... foda-se, é uma pandemia!