quarta-feira, fevereiro 14

Babel

Babel é a muito aguardada terceira longa-metragem do realizador mexicano Alejandro González Iñárritu, responsável pelo perturbador Amor-Cão e pelo maravilhoso 21 Gramas. Tal como nos anteriores, estamos perante um filme mosaico, com quatro histórias que se ligam entre si.
Forçado. Essa é a palavra que melhor descreve Babel, um filme que pretende falar das várias formas de comunicação humana. Forçado na mensagem e principalmente forçado na estrutura.
Enquanto que os filmes anteriores de Iñárritu possuiam uma argumento com ligações quase orgânicas, neste filme alguns elos parecem forçados. A estrutura do argumento parece-me bem pensada, mas mal encadeada. E aqui reside o único, mas grande problema do filme.

Japão, Marrocos, México, E.U.A.: uma adolescente japonesa carente e promíscua, desesperadamente em busca de algum amor, perdida na solidão de uma grande cidade e da sua surdez e mudez; um casal americano em crise conjugal que tenta sarar as feridas numa viagem a Marrocos; um tiro acidental disparado por uma criança que atinge a turista americana; uma família marroquina levada à ruína graças a um acidente mal medido; uma ama mexicana dedicada que leva as crianças à sua guarda para o México como forma de não perder o casamento do seu filho, mas que acaba perdida com eles no deserto.

As representações são bastante convincentes. Os actores marroquinos (presumivelmente estreantes) são hipnotizantes, Gabriel Garcia Bernal comprova a versatilidade, um Brad Pitt envelhecido a jogar contra a sua imagem de marca, e Cate Blanchet mais uma vez deslumbrante. Destaco a estupenda Adriana Barraza (a ama Amélia) e a adolescente Chienko magistralmente interpretada por Rinko Kikuchi, qualquer uma das duas nomeadas para o Oscar, e na minha opinião, são ambas sérias candidatas.
A fotografia é sublime e também gostei da banda sonora. Gustavo Santaolalla já não me surpreende.

Sem ser babilónico, diria que o maior problema de Babel é querer ser babilónico.
Fica por fazer o grande filme sobre os contrastes culturais, as relações humanas e a comunicação (ou falta dela) que Iñárritu pretendia.

3 criaturas afundaram esta pérola:

Anónimo disse...

Também não achei nada de especial.
Óh mulher tens que ver o "the departed".

Hélder Teixeira disse...

Vi o 21 Gramas e gostei, tinham me dito que o Amor Cão era bom, logo esperava que o Babel fosse melhor. Partilho da opinião contigo quando dizes que o encadeamento está mal feito. E também achei ridicula a história dos japoneses, poderia ser bem melhor...bom bom só as pipocas...

Blueminerva disse...

O Amor-Cão é um filme poderoso, violento, mas poderoso. É um grande filme.
Tenho o "the departed" no pc, mas ainda não vi.