segunda-feira, janeiro 22

Cuba, Miami e Fidel

Diz Luis M. Jorge:

«Primeiro conheci os cubanos de Cuba, e fiquei com vontade que Fidel morresse.
Depois conheci os cubanos de Miami, e fiquei com medo que Fidel morresse.»



A esquerda gosta de liberdade e democracia. Fidel não representa nenhuma delas. Em Cuba, quem pensa diferente tem uma de três opções : exilar-se, calar-se ou ser preso. Portanto, não é pela liberdade que a esquerda gosta de Fidel.

O que faz de Fidel Castro um ditador diferente dos outros?

Acima de tudo a história do homem que combateu ao lado de Che Guevara para libertar Cuba da ditadura em que vivia e que tornava a ilha num grande bordel para americanos. O grupo de guerrilheiros que derrotaram o gigante americano, o sonho juvenil de qualquer militante de esquerda tornado realidade.

Castro deu a este povo algo que nenhuma ditadura gosta de dar; educação e saúde (todos sabemos como a educação é contrária à manutenção de ditaduras). E devolveu-lhes algum orgulho por serem cubanos. Cuba transformou-se num país de atletas, escritores, músicos e com médicos suficientes para prestarem serviço gratuito um pouco por todo o mundo.

Castro simboliza para a esquerda também o homem que enfrentou o "imperialismo americano", esse monstro que tudo engole e que Fidel tão bem soube vencer.

Mas será que isso justifica o apoio da esquerda a Fidel? Penso que não. Por muito que custe e em nome da coerência temos de criticar o regime cubano como criticamos as ditaduras de direita, mesmo apesar das "atenuantes" que julgo serem significativas.

E quando em breve Fidel Castro morrer? Ficará Cuba melhor? Aí já tenho muitas dúvidas... mas os cubanos poderão decidir, algo que agora não podem. Nem que seja a liberdade para cometer erros, para falhar o caminho e procurarem o seu rumo como país (tal como Portugal ainda anda à procura desde o 25 de Abril).

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