sexta-feira, dezembro 1

...mas afinal celebrar o quê??? (parte I)

A morte de D. Sebastião (1557-1578) na batalha de
Alcácer-Quibir, deu origem a uma crise dinástica. Nas Cortes de Tomar de 1581, Felipe II de Espanha é aclamado rei de Portugal. Durante sessenta anos Portugal sofreu o domínio filipino. No dia 1 de Dezembro de 1640, os Portugueses restauraram a sua independência.
D. João IV, Duque de Bragança, foi aclamado rei há 366 anos, com o cognome de «O Restaurador», depois de a Revolução de 1640 ter colocado um ponto final no domínio espanhol que perdurava no nosso País desde 1580.
A Restauração da Independência é um feriado comemorado em Portugal anualmente no dia 1 de Dezembro, para assinalar a recuperação da independência nacional face à Espanha em 1640, que durante 60 anos ocupou o país e o oprimiu.
Hoje é dia de celebração...eis o Portugal que vamos celebrar:
Um país de estradas assassinas, onde morrem aos três e aos quatro à vez, onde se bebe mais que a conta, porque a viagem era curta e nem sequer valia a pena pôr o cinto, quanto mais ter um seguro. Um país que diz que a cultura está cara, o teatro é um luxo, mas olha o Coliseu tão cheio para adorar as Floribella desta vida. Um país que não aguenta três pingos de água, tudo se entope. Se chove
vão-se as colheitas, se faz sol também. Depois chega o Verão e sentamo-nos em frente ao ecrã. "País em Chamas" é o filme de alguns anos pra cá. O país dos inquéritos
pós-desgraça, das providências cautelares, do para o ano é que isto se resolve, das investigações megalómanas, tão justiceiras, que, invariavelmente, caem em saco roto. O país dos feriados e das pontes, abençoados sejam, porque as horas de emprego são muitas, as de trabalho nem tanto. O país do salário mínimo, mais mínimo da Europa. O país que celebra um desemprego de 7,4%, menos uma décima que no ano anterior, haverá alegria maior? O país do não ao aborto, tão feio e pecaminoso, antes ter doze filhos e não ter que lhes vestir. O país do foi-me morrer logo agora que tinha uma vaga tão boa no bloco operatório e nem tinha que pagar taxa moderadora. O país em que os bons emigram, espertos, porque para ser reconhecido aqui há que o ser primeiro em Madrid, em Londres, Nova Iorque, Lanzarote. O país do jet-set decadente, cor-de-rosa escuro, o beautiful (?) people mais esticado que uma corda de guitarra. O país do crédito à habitação, ao carro como o do Figo, ao
guarda-roupa do El Corte Inglês, ao cão com pedigree e às mamas 38. O país das cunhas. O país que adora a desgraça do vizinho, tragédia sem mortes não conta, há que parar para ver o acidente, tragam-nos uma cerveja e ninguém arreda pé. O país onde todos cantam, todos dançam, todos lançam livros, todos têm um qualquer talento que vale a pena aplaudir. O país do encolher de ombros. É o que se arranja, é este o país que temos.
Enfim...Viva Portugal!

2 criaturas afundaram esta pérola:

Anónimo disse...

acho que depois do que li, há motivos de sobra para o SEF te expulsar do país com justa causa. Porra!

Blueminerva disse...

pois...mas são verdades david.
um abraço